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28/05/2015

Peixe à moda chinesa

Comprado pelo gigante chinês Baidu, o Peixe Urbano começa a se reerguer após o colapso do mercado de compras coletivas

Em outubro do ano passado, quando os detalhes da aquisição do Peixe Urbano pelo site chinês Baidu foram acertados, Júlio Vasconcellos, o cofundador e então CEO da operação brasileira, viajou para a China. O objetivo era ter uma longa conversa com Robin Li, fundador do Baidu, conhecido como o Google do país, um gigante cujo valor de mercado é de cerca de US$ 70 bilhões. A reunião, no entanto, durou poucos minutos. Assim que Vasconcellos apresentou um slide com a projeção de crescimento de 50% para o ano de 2015, Li encerrou o encontro e pediu a reelaboração das metas, com nada menos do que 100% de avanço para o próximo período.

“A conversa foi curta, porém impactante”, afirma Vasconcellos, que deixou o a posição de CEO e assumiu a presidência do conselho de administração do Peixe Urbano, na semana passada. “E nos ajudou a dimensionar a força dos recursos que tínhamos em mãos.” Oito meses depois desse encontro no QG do Baidu, em Pequim, o Peixe Urbano está crescendo como Li queria. O faturamento aumentou em 84% e o total de ofertas vendidas quase que dobrou. Se o ritmo continuar como o atual, até agosto o Peixe Urbano deve bater seu recorde de cupons vendidos em um mês, atingido em 2012, quando a empresa estava em seu auge.

A diferença daqueles tempos em comparação com os atuais, na opinião do executivo Alex Tabor, que assumiu o lugar de Vasconcellos à frente da operação, é a saúde dos negócios. “Hoje, temos um modelo de operação consistente”, diz o CEO, que também é um dos cofundadores do Peixe Urbano. “Bem diferente daquele tempo, quando tudo era experimental." Há três anos, o Peixe Urbano era a sensação do recém-nascido mercado de compras coletivas, no qual um grupo de consumidores unia-se para conseguir bons descontos em produtos e serviços. Em 2012, existiam mais de mil sites atuando nessa área, que movimentaram R$ 730 milhões, segundo cálculos da consultoria e-bit.

Nos seis meses seguintes, 20% dos sites faliram e o setor entrou em colapso por conta de uma montanha de reclamações dos consumidores. O Peixe Urbano não passou incólume por essa crise. Nos melhores momentos, a empresa de Vasconcellos chegou a ter quase mil funcionários. Com o arrefecimento do negócio, fez um corte que reduziu o quadro a apenas 300. No início de 2013, um bazar de material de escritório, simbolizou as dificuldades pelas quais passava o Peixe Urbano. “As compras coletivas morreram”, afirma Thiago Flores, analista de comércio eletrônico e diretor executivo do comparador de preços Zoom.

“Quem não desapareceu, teve que se reinventar." Foi o que fez o Peixe Urbano, com a ajuda providencial dos chineses do Baidu. Desde a aquisição, 70 pessoas foram contratadas, sendo que 40 vagas ainda estão em aberto. A empresa criou, ainda, uma equipe responsável por intensificar as ofertas de turismo dentro da plataforma. Segundo Tabor e Vasconcellos, no entanto, o aumento das vendas está diretamente relacionado com o novo posicionamento do Peixe Urbano. As compras coletivas ficaram no passado. Hoje, a empresa se classifica como um shopping de ofertas locais. O usuário encontra promoções de serviços e de produtos que pode usar na data que quiser, sem necessidade de agendamento.

“Nossa taxa de fidelização e repetição de uso dos clientes está no patamar mais alto de nossa história”, diz Tabor. O novo modelo não foi tirado da cartola pelos executivos do Peixe Urbano. O próprio Baidu conta com uma ferramenta de comércio eletrônico local, que opera nos mesmos moldes da atual proposta da plataforma brasileira. Lá, o Baidu é líder de mercado absoluto. “Eles estipularam que nossa participação de mercado ideal é de 80%", diz Júlio Vasconcellos. Para quem não aceita nada menos do que 100%, parece uma meta razoável.

Fonte:

Istoé Dinheiro

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